terça-feira, 9 de setembro de 2008

CAPÍTULO 7

TRABALHANDO COM ALIANÇAS INFORMAIS E CONTRATUAIS

“Acabamos chegando a um contato, com muitos detalhes no papel. Mas nossa aliança era de fato formada pela visão e pelos entendimentos comuns que desenvolvemos antes disso. O espírito era que tínhamos duas empresas capazes de se completar mutuamente e de satisfazer as necessidades uma da outra. Os contratos já existentes há anos, mas nunca olhamos muito para eles.”
Gerente da DowChemical, comentando a aliança de sua empresa com a Personal Care, para um novo tipo de fraldas.

Embora muitas alianças envolvam acordos formais, nem sempre é necessário um contrato. As alianças informais podem ser uma forma valiosa de cooperação. Praticamente em todos os dias úteis existem pessoas de toda a Corning, de todos os níveis, visitando seus colegas em outras empresas para comparar anotações sobre novos produtos, tecnologias, processos de controle de qualidade, conceitos gerenciais, programas de igualdade de oportunidades, aplicações de computadores e muito mais.

As alianças informais são úteis sempre que os riscos sejam pequenos. O ponto até onde elas podem ir depende da confiança mútua.

A cooperação informal é um ponto de partida natural para acordos mais formais. Antes de assumir compromissos as empresas têm mais flexibilidade, bem como mais espaço para explorar seu relacionamento e resolver as questões que poderiam causar problemas mais tarde. Posteriormente, quando elas estiverem preparadas para assumir compromissos importantes, os contratos serão usados para formalizar os entendimentos.

Quando usar Alianças Contratuais
Um contrato é um plano mútuo de negócios legalmente reconhecido. Uma vez iniciada a execução, as mudanças somente serão possíveis se forem mutuamente aceitas. Portanto os contratos, embora fortaleçam as promessas, restringem a flexibilidade.

Uma das formas de tornar um acordo mais adaptável é planejar com cuidado para aquilo que pode acontecer em diferentes condições. Existem, porém, limites para a capacidade de previsão. Por exemplo, não se pode ter certeza a respeito de como um mercado irá reagir a um novo produto, ou qual será o resultado de um projeto de P&D, mesmo quando ambos as empresas se esforçam ao máximo.

Elaboração de Alianças
O conceito de elaboração de alianças é de gerenciamento seletivo dos riscos. Resolva o máximo possível de questões antes de assumir um compromisso. Depois, use uma combinação de controle de riscos, incentivos ao desempenho e divisão de riscos para equilibrar seus compromissos.

Planejamento conjunto reduz a incerteza
Na gerência de riscos, o primeiro passo é escolher um parceiro com o qual você possa trabalhar. A seguir, coopere informalmente para definir objetivos e desenvolver planos. Isso prevê uma visão mais clara dos maiores riscos que estão à frente. Se as coisas não andarem como você esperava, você poderá desistir sem romper nenhum compromisso.

Para identificar os riscos mais significativos de uma aliança proposta, considere o valor dos recursos que você irá comprometer, juntamente com as incertezas relevantes. Se você puder ter certeza de que o investimento em capital, know-how, produtos, acesso ao mercado, ou outros ativos, irá produzir benefícios específicos, então não há riscos. Porém, quando a incerteza está presente, você fica exposto a possíveis perdas. O risco cresce com o valor de um compromisso e com o aumento da incerteza.

Os Controles dos Riscos dão forma aos compromissos
É possível aumentar o grau de certeza de uma aliança, através de regras mutuamente aceitas para os riscos que os parceiros querem resolver antecipadamente. A maior parte das regras focaliza as obrigações mútuas das empresas. Outras protegem-nas de condições econômicas adversas ou de decisões governamentais – por exemplo, vinculando os custos a um índice de preços reconhecido, ou determinando o fim da aliança se certas condições vieram a ficar inaceitáveis.

Algumas questões, inclusive competências dos parceiros, conflitos latentes, falhas de planejamento, responsabilidades e relações, somente podem ser decidas através de análises prévias, discussões e experiências em conjunto. Outras são, ao menos em parte, sensíveis a regras; quebrar uma regra é violar um acordo.

As regras adotadas devem refletir suas prioridades. Caso você não possa aceitar incertezas quanto a preços e o desempenho esteja razoavelmente certo, um acordo de preço fixo pode ser aplicável. Em contraste, os contratos de custo mais lucro permitem ajustes às incertezas de desempenho, caso você seja relativamente insensível ao preço. Algumas regras de uso comum estão relacionadas abaixo.

A definição de compromissos mútuos substanciais pode encorajar investimentos importantes. A forma assumida por esses compromissos reflete o investimento e o desempenho que os parceiros desejam influenciar. Por exemplo, podem ser incluídas garantias de volume, para garantir uma base de receitas que cubra os custos fixos permanentes. Por outro lado, um compromisso para um prazo prolongado específico, sem definições do volume total, encoraja um grande investimento inicia. Esses acordos comprometem, total ou parcialmente, as compras do parceiro comprador, com o volume real sujeito às incertezas do mercado. Isso envolve a participação do parceiro vendedor nos riscos.

Nos contratos “permanentes”, os compromissos a longo prazo são renovados periodicamente. A renovação anual de um acordo plurianual dá, a ambos os parceiros, uma confiança continuada no horizonte de tempo mais prolongado, fato que encoraja outros investimentos de risco.

Os contratos também podem ser estruturados de forma a acomodar seqüências de eventos, para que os compromissos possam ser equiparados a futuros desenvolvimentos ainda incertos. A abordagem com menos vinculação é conhecida como um “acordo para concordar”. Ambas as empresas concordam em adiar os compromissos formais até a ocasião em que disponham de mais informações. No ínterim, as ações se baseiam na boa fé e nos interesses mútuos. Esses entendimentos são, às vezes, usados em alianças informais, quando os compromissos são pequenos e as incertezas impedem o planejamento além da fase inicial.

Os Incentivos ao Desempenho Encorajam os Melhores Esforços
Para as incertezas que estão sob o controle da empresa, uma combinação de recompensas e penalidades pode incentivar a conclusão. As recompensas promovem esforços extras; as penalidades ajudam a assegurar a manutenção dos compromissos.

Outros tipos de recompensas incluem a ligação de benefícios comerciais ao desempenho. O fato de ser o primeiro comprador de um novo produto pode implicar em riscos de confiabilidade, os quais podem superar as vantagens do pioneirismo. A compra pode ser incentivada por um preço menor, ou pelo direito de receber os aperfeiçoamentos no produto antes dos outros.

Como Dividir Riscos
Os parceiros dividem riscos quando ambos fazem investimentos sujeitos às mesmas incertezas. Para manter o equilíbrio, devem ambos ter exposições comparáveis aos riscos. Caso contrário, aquele que se sentir mais vulnerável poderá voltar atrás ou se retirar.

Você não entraria conscientemente em uma aliança que seu parceiro vê como uma oportunidade a curto prazo. É por isso que as alianças de P&D, ao contrário dos contratos de P&D convencionais, devem exigir que o executante incorra em alguns custos e riscos, quem podem crescer caso as metas intermediária não sejam cumpridas. Os lucros vêm no final, e não ao mesmo tempo em que é feito o esforço, podendo ser ligados ao desempenho global da aliança através de royalties.

Os riscos futuros também devem ser alocados de modo que não dividam os parceiros. Essa questão pode ser crítica com respeito às responsabilidades, quando ambas as empresas fazem contribuições importantes.

Os preços dos produtos de uma aliança devem alocar com justiça os riscos e benefícios e também responder às forças de mercado. O arranjo mais simples – típico de muitas alianças de desenvolvimento – é que cada empresa arca com seus próprios custos, possivelmente dividindo os custos comuns, mas comercializa separadamente os resultados. Então cada parceiro fixa seus próprios preços e assume seus próprios riscos mercadológicos.

Quando as duas empresas contribuem com partes de um produto ou serviço final, seu esquema de apreçamento deve seguir os mesmos princípios de justa alocação de riscos e benefícios e também ser sensível às forças de mercado. Um arranjo que simplesmente some os preços de cada empresas somente funciona quando o mercado é insensível a preço.

Organização das alianças
Ao contrário das transações formais, nas quais prevalecem os compromissos iniciais, as alianças exigem ajustes mútuos permanentes. Elas também envolvem múltiplos contatos entre hierarquias separadas – cada uma com suas próprias formas de delegação, decisão e implementação. Para assegurar um casamento eficaz, a formação de uma aliança deve incluir o ajuste das duas organizações às novas prioridades.

Saiba como serão Tomadas as Decisões e Delegue
Torne todas as decisões importantes a respeito da gestão de uma aliança, inclusive objetivos, medidas de desempenho, marcos, responsabilidades, comprometimento de recursos e outros aspectos chave do plano de negócios, antes de se comprometer com ela. Defina claramente também que a empresa irá tornar outras decisões no decorrer do trabalho.

Você pode entender, implicitamente, que tem que espécie de autoridade, quando se trata de projetos internos. No caso de uma aliança, isso deve ser definido com a outra empresa. Chegue a um acordo sobre quem tem a palavra final para marketing, projeto de produtos, suprimentos, garantia de qualidade, aprovações governamentais e outros itens importantes.

Caso as empresas devam se envolver igualmente nos mesmos riscos, a autoridade pode ser dividida. Isso é comum em projetos conjuntos de P&D e quando as empresas fazem juntas a comercialização. Não obstante, a divisão de decisões entre empresas separadas, em especiais quando mais de uma função ou nível gerencial estão envolvidas em cada lado, é uma carga pesada para um projeto.

Ter um Parceiro no Comando pode Ajudar
A designação de um dos parceiros para o comando simplifica a cooperação, limitando a divisão de autoridade. Sempre que uma das empresas possua conhecimento para gerenciar determinados riscos, ele deve tornar as decisões relevantes.

Independentemente de quem possua maior poder econômico ou político, este não deve determinar a autoridade. O comando deve ir para quem tenha mais competência para gerenciar os riscos maiores. Qualquer outra solução irá enfraquecer os compromissos.

Defina Áreas de Contato Claras
O consenso a respeito de quem tornará quais decisões facilita a implementação, ao reduzir a necessidade de interação de grupos diferentes. Limites precisos entre as atividades resultam em uma separação ainda mais clara. Quanto mais cada empresa puder trabalhar por si em tarefas diferentes, menos confusão será criada.

A redução das áreas de contato será ainda melhor se também reduzir o numero de unidades de cada empresa que devem trabalhar em conjunto. Os limites devem ser definidos com base na dependência para a execução das tarefas e não apenas nas ligações físicas. Quanto menos um componente depender do desempenho de outro, menor o numero de pessoas de cada lado que precisarão interagir.

Integre a Programações de Ambas as Empresas
Quando a cooperação envolve atividades paralelas, ou deve cumprir um cronograma apertado, o planejamento deve, no mínimo, comprar os cronogramas normais dos parceiros, para assegurar as conexões adequadas entre as fases do projeto e determinar revisões conjuntas.

Sem um ajuste dos procedimentos internos das empresas, o prazo de conclusão será no mínimo tão longo quanto aquele do parceiro mais lento. Mas as coisas não tem que ser assim. Alianças importantes merecem os mesmos tipos de mudanças que você faria em função de seus programas internos.

Planeje os Contatos Conjuntos com Terceiros
Antes de aparições públicas, assegure-se de planejar como vocês irão atuar em conjunto. Cada empresa tem sua maneira própria de analisar necessidades de clientes, fazer apresentações, lidar com problemas e propor soluções. Mesmo quando uma das empresas tem o comando do marketing, sua parceira pode ter que falar com os clientes e participar da elaboração de propostas. Assim, se ambos os parceiros irão interagir com os clientes, decida como irão combinar seus estilos diferentes.

Gerenciando Alianças Contratuais
A maior parte do trabalho, numa aliança contratual, é realizada separadamente pelas empresas. Portanto, o desenvolvimento combinado depende de se ter uma ponte sólida entre os parceiros. Isso se inicia com os compromissos mútuos.

Consiga um Compromisso Real
Os compromissos verdadeiros são desenvolvidos, não decretados. As alianças não podem funcionar sendo gerenciadas de cima para baixo por cada uma das empresas. A dedicação real deve vir daqueles que estarão diretamente envolvidas. As empresas fazem acordos, as pessoas os implementam.

Os Paladinos do Projeto são Importantes
No início, quando as pessoas e empresa não se conhecem bem, um par de paladinos que compartilham uma visão é a única maneira de se plantar as sementes da confiança mútua e da dedicação. Por isso o aparecimento, logo no início, de paladinos na Dow e na Personal Care em crucial para o lançamento e o sucesso final da aliança. Os obstáculos em ambos os lados eram enormes: essas pessoas desempenham um papel central na obtenção do espírito coletivo e os compromissos necessários para superá-los.

Como os empreendedores internos, os paladinos das alianças devem estar comprometidos com o sucesso do projeto, devem ser capazes de conseguir apoio interno e estar dispostos a contornar os obstáculos organizacionais. Se uma aliança envolver mais de uma função, um paladino provavelmente não terá plena autoridade sobre todos os membros da sua equipe.

O papel de paladino exige mais esforço no caso de uma aliança do que naqueles de iniciativas internas semelhantes. Sempre exige alguma resistência à divisão de uma oportunidade com outra empresa. Além disso, a gerência de programas conjuntos requer maior coordenação do que a gerência de atividades internas comparáveis, pelo fato de envolver dois conjuntos de hierarquias e pela necessidade de desenvolvimento de novos entendimentos.

Monte Equipes Interempresas
Os trabalhos do dia-a-dia devem ser gerenciados por uma equipe em cada empresa, que é responsável pelo cumprimento dos seus compromissos. Escolha os membros da equipe por sua competência e pelo controle direto de recursos relevantes, mesmo que isso envolva diferentes níveis gerenciais. As equipes multiníveis também reduzem a necessidade de camadas de comitês de coordenação acima delas.

Os contratos entre as empresas devem ser feitos diretamente entre a pessoas que disponham de informações relevantes a respeito do mercado, de técnicas ou de outros assuntos. A canalização das discussões através dos sentimentos de isolamento. Os vínculos diretos, de pessoa a pessoa, são essenciais para a rapidez das comunicações e da localização de problemas e a aceitação interna pelos membros da equipe. Sem isso, os lideres do projeto trabalham sozinhos.

Comunique-se Bem e com Freqüência
Como grande parte do trabalho é feita separadamente, é vital que os parceiros se mantenham mutuamente informados. A interdependência prospera com o aumento do entendimento e a ausência de surpresas.

As informações fluíam por telefone, carta, fax e visitas entre as pessoas correspondentes nas áreas técnicas, de vendas e de compras. Algumas vezes, o pessoal técnico de uma empresa ia ao laboratório da outra para uma cooperação lado a lado.

Resolva os Problemas o mais cedo Possível
Boas comunicações localizam os problemas em seu início e ajudam a resolvê-los antes que cresçam. O planejamento cuidadoso torna isso mais fácil. É mais simples levantar os problemas antes do que falhar em uma tarefa na qual os outros esperavam que você tivesse sucesso.

Estabeleça um Processo de Gerência Conjunta
As pontes entre as empresas devem incluir meios para se revisar os progressos e construir entendimentos a um nível acima de atividades do dia-a-dia. Na Dow e na Personal Care, os gerentes das áreas diretamente envolvidas em ambos os lados se reuniram a cada dois meses para revisar os progressos. Isso também os ajudava a responder às perguntas dos superiores, que queriam se manter informados.

Mantendo a Aliança
Uma aliança dura enquanto as empresas puderem atender às necessidades uma da outra e estiverem comprometidas a fazê-lo. A maneira pela qual evoluiu a aliança das fraldas PE um bom exemplo. Algum tempo depois da Personal Care ter lançado o produto, outros fabricantes de fraldas entraram no mercado. Alguns se tornaram clientes da Dow para o fornecimento da matéria-prima. A Dow anda tem um contrato de suprimentos a longo prazo com a Personal Care e também conduz trabalhos técnicos com cada cliente. Ela precisa mantê-los competitivos para também permanecer competitiva. O trabalho com cada cliente é isolado, para evitar conflitos.

Por que as Relações são tão Importantes
O sucesso de uma aliança depende tanto da fé mútua como de qualquer coisa que se possa pôr no papel. É difícil assumir riscos com alguém em quem não se confia. Não se pode redigir contratos a respeito de entusiasmo.

Relações sólidas são críticas para toda espécie de atividade contratual que envolve divisão de riscos. Nos grandes projetos de construção, cliente e empreiteiro estão juntos do começo ao fim. O trabalho é tão complexo que uma substituição do empreiteiro é quase impossível, caso algo saia errado. Mesmo assim, os grandes projetos quase sempre se perdem nas relações cliente-empreiteiro e não no labirinto das atividades técnicas.

CAPÍTULO 9

Assumindo Compromissos de Empreendimentos Conjuntos

Como organização separada, de propriedade suas empresas mães, um empreendimento conjunto dá a elas mais oportunidades de divisão do controle do que outros tipos de alianças. Os empreendimentos conjuntos também têm mais espaço para atritos.

Mesmo uma empresa isolada, as pessoas precisam superar prioridades conflitantes para obter resultados. Um empreendimento conjunto entre duas empresas envolve três organizações, o que pode causar ainda mais confusão. Para a construção de um empreendimento forte, metas, participação acionária, controle, benefícios e outros aspectos devem ser elaborados para reforçar os compromissos mútuos entre as empresas mães.

Definindo um Empreendimento Conjunto
As empresas criam um empreendimento conjunto para satisfazer aos seus interesses, separados e mútuos. As discussões devem cobrir todos os aspectos importantes para cada empresa e para o empreendimento.

Não é possível, nem mesmo sensato, tentar verificar todas as contingências, mas cada função, política ou relação interna importante deve ser discutida, bem como as questões que tenham probabilidade de afetar o desempenho do empreendimento. Certifique-se de incluir padrões éticos, de segurança e ambientais, especialmente se estes excederem as normas locais. Enuncie as hipóteses básicas, para assegurar-se de que vocês concordam a respeito dos aspectos fundamentais. Quanto mais vocês explorarem mutuamente seus modos de pensar, melhores suas chances de identificar abordagens conflitantes.

Grande parte daquilo em que vocês concordam é qualitativa. A tentativa de qualificar o futuro desempenho de um acordo não deixa espaço para a incerteza. Entretanto, um resumo dos cenários alternativos comunica a sua compreensão das perspectivas. É impossível saber como se darão as transações, quando o empreendimento estiver em andamento. Há incertezas demais. Vocês precisam desenvolver confiança e satisfação recíprocas com respeito às abordagens às questões importantes, para que se disponham a deixá-las para decisões posteriores.

Seja Específico a Respeito da Meta
A meta global é o principal critério para julgamento de todos os outros planos e atividades. Ela é a base para os compromissos e as inevitáveis acomodações a serem feitas com o parceiro e dentro de cada uma das empresas.

Qualquer que seja a meta – aumentar a participação de mercado, tornar-se auto-sustentado, chegar ao ponto de equilíbrio o mais cedo possível, ou qualquer outra coisa, vocês devem concordar a respeito do que deve ser otimizado a longo prazo e das restrições que serão impostas, como lucratividade ou níveis de preços mínimos. Uma simulação para cinco ou dez anos ajuda a enquadrar esses entendimentos e revela as ações e transações sub-jacentes a serem consideradas. Os ajustes necessários são feitos nesse contexto, desde que não enfraqueçam seu propósito central.

Cada empresa deve desenvolver seus próprios juízos a respeito de um possível empreendimento. Uma firme confiança nos pontos de vista de outra empresa somente pode crescer com o tempo, à medida que os parceiros vão conhecendo os critérios um do outro.

Esclareça e Resolva os Interesses Separados
As necessidades de cada empresa devem ser exploradas em toda a sua extensão. Quanto maiores forem suas diferenças, de nacionalidade, negócios ou quaisquer outras, menor será a probabilidade dos parceiros dividirem as mesmas preocupações. Vocês podem não concordar a respeito de qual irá prevalecer quanto trabalharem em conjunto.


Respeitar a Independência de cada um
Duas empresas não poderão ter um empreendimento conjunto produtivo, se uma temer que a outra assuma o controle. Portanto, é sempre uma boa prática obstar a aquisição de um parceiro, exceto em termos amigáveis. Além disso, a compra de participação de um parceiro pode exigir a abertura dos livros de um empreendimento conjunto a terceiros. Em nome do melhor desempenho, preserve a independência de cada empresa.


Certifique-se de Reconhecer as Necessidades do Empreendimento
Um empreendimento conjunto necessita de ativos, políticas e práticas que o capacitem a competir, em seu mercado, por recursos e resultados comerciais. A realização desse objetivo pode exigir políticas distintas para finanças, marketing e outras funções. Por exemplo, as políticas de recursos humanos podem incluir diferentes níveis salariais, incentivos, benefícios e requisitos educacionais. Outras políticas também podem diferir daquelas das empresas mães, mas devem ser aceitáveis para ambas.


Defina os Limites do Empreendimento
Um escopo eficaz separa o propósito mútuo das empresas mães dos seus outros interesses. Defina o que está e o que não está incluído nos mercados, produtos e tecnologias do empreendimento e o campo dos compromissos das empresas mães. Empreendimentos conjuntos com liberdade ilimitada, ou que deixam vagas as futuras contribuições das empresas mães, podem conflitar com os interesses presentes ou futuros das mesmas.


Assegurando Compromissos Permanentes
Existem três maneiras pelas quais uma empresa mãe pode apoiar um empreendimento depois que este foi lançado. A primeira envolve contribuições de capital, feitas proporcionalmente à participação de cada empresa. A segunda é com bens ou serviços necessários ao empreendimento, pelos quais ele paga caso os custos sejam significativos. Outra contribuição vem na forma de intangíveis valiosos, como tecnologia, conhecimento do mercado ou qualificações de pessoal vitais para as forças básicas do empreendimento.

Ao contrário do que acontece com capital, bens e serviços, não é fácil atribuir preços a essas contribuições intangíveis, é difícil saber se uma empresa se esforçou-se ao máximo para dar apoio. Se esses insumos são essenciais, você precisa estar certo de que seu parceiro está motivado a fazer o melhor.


Mantendo um Tratamento Equilibrado
Um empreendimento conjunto pode se inclinar mais para uma das empresas mães, em detrimento da outra. Uma forma para impedir isso é exigir a aprovação de ambas em itens importantes de política. Porém, esses controles de alto nível não impedem desequilíbrios operacionais ou de produtos, que podem prejudicar uma das empresas. Caso tais desequilíbrios pareçam possíveis, a plena igualdade do controle dá, a ambas, a mesma oportunidade de manter as coisas equilibradas.


Quando Entregar o Comando a uma das Empresas Mães
A igualdade plena do controle exige, obviamente, maior esforço; é preciso chegar a um consenso a respeito de cada assunto. Porém, se ambas as empresas mães não fizerem grandes contribuições permanentes de intangíveis e houver pequena probabilidade de um desequilibro operacional, será conveniente entregar a uma delas a responsabilidade pela gerência do empreendimento. O comando deve ir para a empresa que possua as qualificações mais relevantes e maior incentivo para se desempenhar bem. A outra recebe o direito de veto a respeito de questões importantes de política, para proteger os interesses.


Igualdade de Controle com Participações Desiguais
A igualdade de controle normalmente exige igualdade de participação. Os investidores majoritários assumem mais riscos e recebem benefícios; assim sendo, é natural que relutem em dividir a tomada de decisões com seus parceiros minoritários. Uma exceção a sta regra é quando um parceiro necessita de baixa visibilidade, mas conquista a igualdade em função dos seus conhecimentos e sua experiência, dividindo os riscos e benefícios de maneiras diferentes.

Planejando os Benefícios das Empresas Mães
A renda que uma empresa recebe de um empreendimento conjunto pode ser qualquer mistura de royalties, taxas pelo uso de tecnologia, dividendos e pagamentos aceitáveis pelos bens e serviços fornecidos.

Como os dividendos são discricionários, eles podem ser omitidos quando o empreendimento estiver necessitando de caixa, o que é freqüente com empresas novas.


Provisões para Término
Em algum ponto, mesmo depois de um relacionamento prolongado e mutuamente produtivo, novas circunstâncias podem levar a um parceiro a reavaliar seu papel em um empreendimento. Qualquer que seja a razão – novas prioridades, uma mudança no mercado, uma redução nos riscos originais, a mudança na composição acionária de uma empresa – quando fica claro que os interesses do parceiro estão divergindo, a separação é tão legítima como quando uma empresa separa uma divisão para transformá-la em outra empresa. Para evitar disputas caso isso aconteça, acerte desde o início como será feita a separação.

Quando é lançado um empreendimento conjunto, a criação de um compromisso mútuo exige que uma futura separação não prejudique os parceiros. Caso contrário, qualquer uma delas poderá adotar medidas defensivas para a sua proteção. Isso tem conseqüências para a fase inicial e final do empreendimento. Depois que as empresas mães começam a transferir competências, pode não ser possível obter um retorno sobre o investimento até que o empreendimento possa se sustentar. Se até então um dos parceiros estiver seriamente exposto, nenhum dos dois poderá ter direito de sair durante esse período inicial.

CAPÍTULO 8

UTILIZANDO ALIANÇAS DE INVESTIMENTO MINORITÁRIO

São muitos os exemplos que afirmam a importância da qualidade total na competição em um mercado em constante mutação e, para isso, as empresas conscientes em seu valor na sociedade, aliam investimentos realizando parcerias.

Ou seja, o nível de qualidade exigido pelo mercado somente é possível quando os agentes empresariais gerenciam interesses com um foco mercadológico específico e, neste cenário globalizado que presenciamos, a fim de manterem-se competitivas e dinâmicas, estes firmam alianças estratégicas entre si de modo a reduzir custos e compartilham benefícios impossíveis de se obter se fossem fundidas ou competissem como concorrentes.

Este investimento é realizado da seguinte maneira: uma companhia compra pequena participação de capital de outra por um preço não especulativo, mas como parte de um relacionamento estratégico mutuamente desejado.

A participação acionária cria conexões políticas mais estreitas do que alianças contratuais, simplesmente. As relações trabalhistas são mais fáceis de serem conduzidas, favorecendo o incentivo de promover um senso de destino comum, a fim de alcançar o objetivo definido por todos os parceiros.

A parceria entre a Ford, Mazda e Excel definem bem os benefícios do investimento minoritário. A Ford possui 25% dos lucros da Mazda. Os principais interesses e resultados estão relacionados abaixo:

* Exclusividade de longo prazo: a participação acionária torna a produção de itens personalizados, que beneficia tanto o fabricante em sua oferta quanto ao consumidor em sua demanda por produtos diferenciados de seus concorrente, possibilitando fluxos de caixa otimizado, controle de qualidade integrado (mantendo ao mesmo tempo o "know how" individual), o alto grau de comprometimento dos funcionários (com políticas de gestão de pessoal integrados, também mantendo a cultura individual. Isso devido à sensação de segurança, elevando o moral e o entusiasmo).

* Integração financeira: os recursos de capital do parceiro maior são usado pelo outro para atender aos seus interesses mútuos. No exemplo, a parceria surgiu nos anos 1970, quando a Mazda estava de recuperando dos danos advindos pela elevação de preços do petróleo. Na ocasião, esta empresa utilizou os recursos da Ford para ampliar estruturas, implantar projetos ambientais, equilibrar-se financeiramente, entre outros benefícios. Já a Excel utilizou o capital investido pela Ford para adquirir equipamentos diversos para adequar-se a esta mova demanda.

* Novos produtos: as empresas integrantes iniciam pesquisa e desenvolvimento em novos projetos individualmente com a garantia de que a parceria o acompanhará case se torne promissor. Isto trás competitividade e rapidez de resposta ao mercado.

* "Know how": uma vez que participam do conselho diretor, elas partilham informações valiosas como análise de estratégias dos concorrentes, novas oportunidades, compartilhamento de estratégias de crescimento, perfil cultural de novos mercados, e assim por diante.


Sem dúvida um caso bem sucedido e que serve de exemplo é a parceria que a Ford Motor Company(fabricante de automóveis americanos) realizou com a Mazda(também fabricante de automóveis, mas para o mercado japonês) com a Excel Industries (fabricante de vidros para automóveis).

Compromisso em um relacionamento de longo prazo, de modo que todos aumentem suas participações no mercado mundial. Para tanto, estes agentes buscam personalizar todos os seus produtos personalizadamente entre si, integrando planejamento estratégicos, know how, custos de qualidade e com propaganda, reduzir atritos trabalhistas, etc.

Antes da parceria, a Ford construíra uma fábrica em Fulton, Kentucky, para atender sua demanda por janelas moldadas, mas estava enfrentando dificuldades quanto a operacionalidade deste ramo para ela pouco conhecido. Já a Excel dominava o seu ramo de atuação e, com a parceria, vislumbrou vantagens na transferência de seu trabalho e oferta de produto, uma vez constatado que possuía condições para atender à demanda da Ford e da Mazda.


CONDIÇÕES PARA OS INVESTIMENTOS MINORITÁRIOS

O retorno sobre o investimento deve ser a variável menos importante neste tipo de parceria, pois a dimensão estratégica deve agregar mais valor a todos os seus envolvidos do que esse retorno. Caso isso aconteça, a atenção de todos se desvia e condiciona as prioridades para o caráter meramente especulativo como qualquer outro investimento, dissolvendo a parceria.

O investimento minoritário de uma empresa deve beneficiar outra somente se esta possui foco em produtos e mercados que agreguem valor estratégico para aquela, e isto deve ser priorizado em todos as tomadas de decisões dos envolvidos, a fim de promover oportunidades mútuas.

Este capital deve ser concedido a empresas estruturadas e bem gerenciadas, influenciando as políticas do parceiro. Porém, se este perfil é perdido, o investidor deve retirar-se da parceria ou adquirir a empresa menor. (mas uma aquisição desta natureza sempre é um risco em potencial!).

A parceria baseada em participação no capital social é válido quando os agentes possuem portes estruturais semelhantes, com pleno domínio em negócios interdependentes, pois, desta forma, evita a preferência de um dominar o outro. vale lembrar que os benefícios providos da aliança não podem ter finalidade unilateral, pois esta é uma exigência deste tipo de parceria, prevalecendo a clareza em todas as decisões estratégicas de negócios.


ASSUMINDO COMPROMISSOS

Este investimento tem como função essencial reforçar comprometimento, assegurando a autonomia de todas as empresas integrantes deste tipo de aliança estratégica. No caso da parceria Ford-Excel, os dividendos que aquela recebe desta é investido na Divisão de Vidros, incentivando ao maior envolvimento junto a esta.

Embora haja casos duradouros, a previsão dos termos de dissolução deve ser firmada antecipadamente. São determinados pela doutrina de responsabilidade fiduciária e de oportunidade corporativa a determinação de limites de aquisições de ações entre si, bem como os termos de venda das mesmas.

Para definir a dissolução da parceria da Excel com a Ford, mesmo que aquela não se preocupe com a participação desta em 20% ou 40%, se esta reduzir sua participação, isso vai simbolizar uma perda de interesse na aliança.

Outro riso inerente a este comprometimento está na capacidade política de todos em fornecer recursos estratégicos suficientes para a longevidade da parceria, evitando o benefício de um em detrimento de outros. A empresa investidora deve procurar outra que tenha intenção consistente na continuidade de seu ramo de atuação. A orientação política deve estar baseada em:
* Sua formulação;
* Na forma de aumentar a competência política do parceiro;
* Possíveis mudanças de foco gerenciais.

Como exemplo de segurança comumente imposta pelos agentes está o caso da Ford, que na condição de empresa investidora, não possui privilégio no acesso de todos os dados da Excel, mas somente dos dados de conhecimento geral.

Como particularidade na parceria Ford-Mazda-Excel, a Mazda é afiliada ao Sumitomo Bank, que possui estrutura política maior do que a Ford em sua ligação financeira a gerencial com esta, porém, o intercâmbio entre elas faz-se por meio de um representante japonês formal, e o poder de voto é concedido à Excel, de modo a garantir seu foco no mesmo ritmo e direção dos demais.

A privacidade existente neste tipo de parceira está no grau de envolvimento entre si, uma vez que o relacionamento é apenas gerencial, não sendo possível o contato de uma empresa com os funcionários da outras diretamente, por exemplo, ou com um fornecedor de outra mas externo da aliança. Mas isso é aberto a negociações, de acordo com a cultura das empresas envolvidas.

Outro ponto a ser considerado é a capacidade de os agentes atingir o propósito da parceria. Se esta for entre três empresas, conflitos inevitavelmente surgem. Para tanto, deve ser prevista a forma de separação de uma. Se a receptora do capital for aberta, ela pode impedir que uma terceira assumir o seu controle. Existem três maneiras de evitar estas ocorrências como esta:

* Garantir o acesso desejado logo de início à receptora do investimento;
* Manter em "mãos amigas" um número de ações suficiente para impedir que um estranho obtenha o controle;
* O valor comercial de uma aliança.

O investimento realizado para a obtenção de influência ou o fortalecimento da empresa que recebe-a o volume correto é uma questão de critério, mas de modo a preservar a independência da receptora. Como regra geral, utilizada por muitas empresas, uma participação acionária de 30% do capital é o limite máximo para o direito de voto, mas há parcerias entre 10% e 20%.

De modo a viabilizar esta aliança, os parceiros têm interesse em dividir os riscos externos, que torna o comprometimento dinâmico e sadio.

Uma característica da aliança estratégica Ford-Mazda-Excel são as competências utilizadas para projetar e produzir veículos, comercializar carros Ford no Japão e assim por diante, sem a preocupação no grau de participação individual no trabalho realizado em conjunto, pois há respeito às necessidades de independência que cada uma possui para combinar as forças maturadas a serem somadas.

A razão mais forte em trabalhar desta forma é a oportunidade que cada uma tem para oferecer aos seus clientes uma gama mas ampla de serviços de alta qualidade. Porém, um grande volume de negócios conjuntos pode reforçar ou comprometer a empresa menor.


CONDUZINDO A ALIANÇA

Toda forma de parceria envolve a conquista de confiança e de comprometimento com e entre o máximo de pessoas possível, no nível gerencial e diretivo. Empresas com grande diferenças entre si investir mais esforço para preencher as lacunas.

Há diferenças conceituais entre aliança contratual por investimento minoritário. Uma delas e o claro senso de prioridades, porém pessoas diferenças, em várias unidades podem trabalhar em projetos separados, em épocas diferentes. E pode haver alguma distância organizacional entre aqueles que forjaram a aliança e os outros que irão executá-las. Portanto, é preciso que seja definida e articulada uma visão comum.

A alta gerência, a fim de fornecer expectativa de benefícios amplos e significativos, pode fazer duas contribuições essenciais: visibilidade e reforço.

Nas alianças com a Ford, a organização da estrutura funciona da seguinte forma:
* Cada empresa nomeia um executivo com responsabilidade sobre a tomada de decisão da a aliança;
* Reuniões reguladas de alto nível que incluem revisões das atividades conjuntas;
* Ações conjuntas: a fim de desenvolver ligações no nível político através das distâncias cultural e geográfica, um funcionário da Ford atua como diretor residente na Mazda, representando os interesses acionários da Ford, porém, sem autoridade executora mais consultora, porém, sem autoridade executora mais consultiva, prestando serviços a ambas.

As decisões da Ford estão espalhadas pelo mundo e tendem a operar de forma autônoma para atender aos seus mercados separadamente. Em contrapartida, as operações da Mazda estão concentradas e coordenadas em Hiroshima. A partir disso, a aliança tende a se dissolver, uma vez que são muitas pessoas dentro da Ford participam e opinam sobre suas operações, devido ao crescimento de relacionamento interpessoal desordenado, porém ser experiência suficiente com a cultura japonesa.

Para tanto, foram criadas assessorias a fim de harmonizar o relacionamento, e por meio destas que a parceria mantêm-se sadia. Com isso, forma-se uma unidade que reporta-se aos seus respectivos presidentes.

Em resumo, uma aliança de investimento minoritário possui como benefício central o compartilhamento de operações, experiências e esforços conjuntos, em que os agentes participantes comprometem-se continuamente. De um lado está a empresa (ou empresas) investidoras, que compram uma pequena parcela de capital de outra (ou outra). Esta, por sua vez, deve utilizar este valor para investir em departamentos imprescindíveis para a operacionalização da parceria.

A fim de manter a funcionalidade da mesma, a individualidade deve ser preservada, de modo a haver contribuição que agregue valor às outras empresas. Em contrapartida, a empresa menor, que recebe o investimento, e assim, possui forte dependência da empresa maior, obtém negócios e valiosos recursos, mas existe o risco de ser dominada por seu parceiro.